OSPA de Quarentena: a música de concerto no cinema

A trilha sonora é uma das partes mais importantes de um filme. A música possui a capacidade de contar histórias através de suas melodias, nos fazendo sentir todo o tipo de emoção. É um elemento fundamental para experiência do cinema. Por vezes despercebida, a música de concerto está presente em boa parte das trilha sonoras dos filmes mais conhecidos, configurando uma peça importante para a construção da narrativa.

Em meio à pandemia no novo Coronavírus e com o cancelamento dos concertos da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), estamos buscando novas maneiras de manter nosso público conectado com a música de concerto. Com esse objetivo, listamos alguns filmes que possuem obras de grandes compositores na trilha sonora. Confira!

1. “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick – “Assim Falou Zaratustra”, de Richard Strauss

Filme do renomado diretor Stanley Kubrick, “2001 – Uma Odisseia no Espaço” retrata a misteriosa jornada de Dr. Dave Bowman e outros astronautas através do tempo e do espaço. Por trás dessa viagem alucinante, está um estrutura preta enigmática que fornece uma conexão entre o passado e o futuro. A introdução de “Assim Falou Zaratustra”, de Richard Strauss, é o tema musical do filme. A obra é inspirada no tratado filosófico de mesmo nome de Friedrich Nietzsche. A partir do filme, a obra se tornou mundialmente conhecida, sendo quase impossível dissociá-los na atualidade.

2. “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick – “Nona Sinfonia”, de Ludwig van Beethoven

Mais um filme do diretor Stanley Kubrick, “Laranja Mecânica” é um retrato da violência do nosso tempo. Alex, um jovem criminoso e líder de um gangue de delinquentes, acaba caindo nas mãos da polícia após uma série de crimes. Ao ser preso, ele recebe a opção de participar de um programa que pode reduzir o seu tempo na prisão. No programa, Alex se torna cobaia de diversos experimentos que buscam refrear os impulsos destrutivos do ser humano. A delicadeza na “Nona Sinfonia”, de Ludwig van Beethoven, contrasta com as cenas fortes do filme. A obra é uma das mais conhecidas do repertório ocidental, sendo considerada tanto ícone quanto predecessora da música romântica. A “Nona Sinfonia” é uma das peças que a OSPA interpretará em 2020 no ciclo “Nove Sinfonias de Beethoven”, que apresentará, ao longo de diversos concertos, as nove obras do compositor.

3. “Intocáveis”, de Olivier Nakache e Éric Toledano – “Quatro Estações”, de Antonio Vivaldi

Filme mais visto na França em 2011, “Intocáveis” retrata a relação de um multimilionário tetraplégico, Philippe, e seu auxiliar de enfermagem, Driss. Inseridos em realidades completamente distintas, Philippe e Driss passam por diversos conflitos ao longo do filme, o que não impede que uma amizade seja criada. A obra “Quatro Estações”, de Antonio Vivaldi, marca um dos momentos em que as diferenças entre Philippe e Driss ficam mais evidentes. A peça é uma das mais populares da música barroca. São quatro concertos para violino e orquestra, cada um sobre o tema da respectiva estação (Primavera, Verão, Outono e Inverno).

4. “Morte em Veneza”, de Luchino Visconti – “Quinta Sinfonia”, de Gustav Mahler

O filme “Morte em Veneza”, de 1971, narra a viagem do compositor Gustav Aschenbach a Veneza em busca de descanso diante de uma crise existencial. Em meio à epidemia de cólera e à pobreza que assolam a cidade, o compositor se apaixona por Tadzio, um tipo de beleza ideal que o artista sempre buscou alcançar em suas obras. O protagonista teria sido inspirado no compositor Gustav Mahler, sendo a “Quinta Sinfonia” muito presente na trilha sonora do filme. Assim como o personagem, Mahler transborda emoções através de suas obras.

5. “Fantasia”, de Norman Ferguson

Lançado em 1940, “Fantasia” mistura animação e música de concerto. No filme, são apresentados oito segmentos animados, acompanhados cada um de músicas clássicas. As obras apresentadas foram conduzidas por Leopold Stokowski e interpretadas pela Orquestra da Filadélfia. Estão presentes no longa-metragem “Toccata e Fuga em Ré Menor”, de Johann Sebastian Bach, “Suíte Quebra-Nozes”, de Peter Ilich Tchaikovsky, “O Aprendiz de Feiticeiro”, de Paul Dukas, “Sagração da Primavera”, de Igor Stravinsky, “Sinfonia Pastoral”, de Ludwing Van Beethoven, “Dança das Horas”, de Almicare Ponchielli, “Noite no Monte Calvo”, de Modest Mussorgsky, e “Ave Maria”, de Franz Schubert.

6. “Seven: Os Sete Pecados Capitais”, de David Fincher – “Suite Nº 3 em Ré Maior, BWV 1068”, de Johann Sebastian Bach

Dirigido pelo prestigiado diretor David Fincher, o filme narra o caminho dos detetives William Somerset e David Mills em busca de um assassino em série. O criminoso tem como alvo pessoas que ele acredita representar os sete pecados capitais. Uma das músicas mais marcantes do filme é “Suite Nº 3 em D Maior, BWV 1068”, de Johann Sebastian Bach, que traz delicadeza e emoção a diversos momentos da trama. Johann Sebastian Bach é considerado um dos maiores compositores da história, sendo vasta suas obras que inspiraram a trilha sonora de filmes.

7. “Apocalypse Now”, Francis Ford Coppola – “Cavalgada das Valquírias” (ópera A Valquíria), de Richard Wagner

Tendo como fundo a Guerra do Vietnã, “Apocalypse Now” apresenta a jornada do capitão Benjamin Willard em uma missão para matar o renegado e presumido louco coronel Kurtz, um antigo oficial. “Cavalgada das Valquírias”, de Richard Wagner, é um dos temas musicais de maior destaque no filme, marcando uma cena em que uma esquadrilha de helicópteros ataca uma vila vietnamita. A obra é uma das mais conceituadas de Wagner, tendo sido usada em diversos filmes, jogos eletrônicos e comerciais. A peça é a denominação popular para o início do terceiro ato da ópera “A Valquíria”, a segunda das quatro óperas compostas por Richard Wagner que compõem Der Ring des Nibelungen.

8. “O Segredo de Beethoven”, de Agnieszka Holland

Ao ficar surdo às vésperas da estreia de sua “Nona Sinfonia”, Beethoven contrata uma jovem assistente, Anna Holz, para transcrever suas partituras. Anna é uma jovem de 23 anos que sonha em se tornar uma compositora e demonstra enorme sensibilidade musical. Beethoven a aceita como escriba, iniciando, assim, um forte relacionamento entre os dois. Apesar do caráter ficcional da história, o filme apresenta diversas obras do compositor ao longo da narrativa, entre elas a “Nona Sinfonia”.

9. “V de Vingança”, James McTeigue – “Abertura 1812”, de Pyotr Ilyich Tchaikovsky

Após uma grande guerra mundial, a Inglaterra vive sob um regime totalitário. Em meio a esse cenário, um rebelde, conhecido apenas por V, utiliza de táticas terroristas na luta pela liberdade. V salva uma jovem chamada Evey da polícia secreta e encontra nela uma nova aliada para alcançar a justiça para o seu país. Assim como o filme, “Abertura 1812”, de Pyotr Ilyich Tchaikovsky, que faz parte da trilha sonora, também é marcada pela guerra. A obra celebra o fracasso da invasão francesa à Rússia em 1812 e a subsequente devastação da “Grande Armée” de Napoleão, possuindo, até mesmo, sequência de tiros de canhão.

10. “Amadeus”, de Milos Forman

Mais um filme imerso na música de concerto, “Amadeus” aborda a vida do compositor Wolfgang Amadeus Mozart. Após tentar se suicidar, o personagem Salieri confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart e relata como conheceu, conviveu e passou a odiar o compositor. Durante o longa-metragem, várias obras de Mozart são interpretadas, permitindo aos espectadores um mergulho na obra e na vida de uma dos maiores compositores da história.