2021: uma temporada marcada por obras estreadas a nível nacional e internacional

Crédito da Imagem: Leandro Rodrigues / divulgação OSPA
A Casa da OSPA foi palco dos primeiros acordes de músicas executadas não apenas no Brasil como no mundo em 2021. Entre os gêneros, estão concertos, peça de câmara e inclusive uma ópera, que ganharam vida sob direção artística de Evandro Matté. As estreias vão de encontro a dois objetivos da orquestra – valorizar o repertório nacional e resgatar obras desconhecidas de grandes compositores.
Abaixo, destacamos as peças que ganharam vida (nacional e/ou mundialmente) com a OSPA na última temporada.
‘‘Antiquário” – Carlos dos Santos | 29/5
A temporada 2021 começou com a Série Música de Câmara, transmitida ao vivo pelo YouTube diretamente da Casa da OSPA e sem público, por força da pandemia de COVID-19. No quarto concerto desta série, em 29 de maio, um sexteto da OSPA executou “Antiquário”, do jovem compositor paulista Carlos dos Santos. Foi a estreia mundial da obra, que mistura música popular e de concerto. Na ocasião, o compositor deu a dica: “Ouça essa música como se estivesse observando os detalhes de uma construção antiga no meio de uma rua movimentada e barulhenta”.
A obra foi executada por: José Milton Vieira (trombone), Henrique Amado (flauta), Ange Bazzani (fagote), Nadabe Tomás (trompa), Érico Marques Cunha (oboé) e Rafael Figueredo (contrabaixo). A regência foi do maestro e diretor artístico da OSPA Evandro Matté.
‘‘Concertino para flauta e orquestra de cordas’’ – Brenno Blauth | 26/6
O concerto de 26/6 foi uma oportunidade única de ouvir a obra “Concertino para flauta e orquestra de cordas”, de Brenno Blauth (1931 – 1993), escrita em 1964 e estreada em 1975 por Celso Woltzenlogel como solista da Orquestra de Câmara de Niterói, sob a regência de Roberto Duarte. É uma obra representativa do estilo neoclássico nacionalista pelo qual o compositor se tornou conhecido nas salas de concerto brasileiras.
Após a estreia, a peça só foi executada duas ou três vezes e não possui gravação conhecida. Sendo assim, a gravação do concerto da OSPA foi provavelmente o primeiro registro da música deste importante compositor gaúcho.
”Choro Breve” – Arthur Barbosa | 3/7
Arthur Barbosa realizou a estreia mundial de “Choro Breve” regendo a OSPA em 3 de julho de 2021. Segundo o compositor, trata-se de “um chorinho simples que faz parte de uma obra maior e eu transformei em um Divertimento, por assim dizer”.
“Concerto para Tuba e Pequena Orquestra” – Renato Segati e “Momento Nordestino n° 5” – Beetholven Cunha | 10/7
Em 10 de julho, o público pode conferir a estreia mundial de duas obras compostas especialmente para o tubista da OSPA Wilthon Matos, que foi o solista da ocasião. André Cardoso foi o maestro convidado da apresentação.
“Concerto para Tuba e Pequena Orquestra”, do paranaense Renato Segati de Moraes, é a representação sonora da jornada de Wilthon em busca de uma cura para o seu filho Eduardo Henrique Gomes Matos, que estava doente. Os quatro movimentos da peça contam a história: “I. Ambiente. Confortável” é a calmaria antes da doença; “II. Drama. Apreensivo” trata da internação do menino na UTI; “III. A busca. Com fé”, mostra a torcida pela recuperação e a importância da religião para a família, e “IV. Milagre. Aliviado – contagiante”, traz a celebração da cura que antes parecia improvável.
“Momento Nordestino n° 5” foi escrita pelo pernambucano Beetholven Cunha, em 2017. O trabalho inclui elementos rítmicos e melódicos da música popular do nordeste brasileiro (aboio, baião e xote), além de explorar as possibilidades técnicas da tuba frente a uma orquestra de cordas.
‘‘Ópera O Acordo Perfeito’’ – Adolphe Adam | 25 e 26/9
Um dos maiores destaques da temporada 2021 foi a estreia nacional da ópera “O Acordo Perfeito”, de Adolphe Adam (1803 – 1856). O diretor cênico Flávio Leite adaptou o texto original, trazendo a história do século XIX para os dias de hoje. Foi a primeira ópera montada na Casa da OSPA com cenário e figurinos originais, além de iluminação especial e legendagem. A regência e a direção musical foram de Evandro Matté. O espetáculo foi estrelado pelo trio de solistas Carla Domingues (soprano), Giovanni Tristacci (tenor) e Daniel Germano (baixo-barítono).
‘‘Três Danças Brasileiras’’ – Dinorá de Carvalho | 13/11
Ao lado da OSPA, a pianista e professora da UFRGS Cristina Capparelli interpretou o solo de uma obra inédita para o grande público: ‘Três Danças Brasileiras (para piano, cordas e percussão)’’, de Dinorá de Carvalho, compositora pioneira na música brasileira. A regência foi do maestro Tobias Volkmann. A docente revelou que ‘‘a obra teria sido tocada uma única vez de maneira reservada, talvez para a própria D. Esther da dedicatória, portanto podemos considerar que estamos fazendo uma estreia’’. A solista situou a peça no estilo vigente no início do século XX: ‘‘identifico nas três danças uma busca por cor local, e assim como os compositores nacionalistas desta época, Villa-Lobos, Guarnieri, dentre outros, uma identificação de canções caipiras, da roça, da fazenda’’.
BIS: ‘‘CD OSPA e Convidados’’ – OSPA | 5/12
Gravado na Sala Sinfônica da Casa da OSPA, em maio de 2018, o álbum “OSPA e Convidados” foi lançado em 2021. A orquestra interpreta o repertório sob regência do seu maestro e diretor artístico, Evandro Matté. Já os solistas são instrumentistas proeminentes da própria OSPA: Douglas Gutjahr (percussão), Emerson Kretschmer (violino) e Quinteto de Metais Porto Alegre.A produção do disco é da Audio Porto e de Alexandre Ostrovski Jr.
“Mba’epu Porã” (“música bela” em tupi-guarani) é uma abertura sinfônica escrita por Arthur Barbosa em homenagem à OSPA especialmente para a inauguração da Casa da OSPA. É uma homenagem lúdica a tudo o que se construiu e se construirá musicalmente no Rio Grande do Sul, em que se conta a história do som e da música na região desde os seus primórdios.
Concerto Grosso para Quinteto de Metais e Orquestra”, de Fernando Deddos, foi estreado no Brasil em 2018, na gravação do disco da OSPA. A peça foi composta para o Festival Internacional Urubrass 2017, tendo o Quinteto Porto Alegre como solista da primeira apresentação, junto à Orquestra Filarmônica de Montevidéu. É composta por três movimentos: I. Alegre, Esperançoso / II. Andante, Poco Rubato / III. Marchar!