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Weslei, ex-aluno da Escola da Ospa que teve a vida transformada pela música, conquista o contrabaixo próprio

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Elaborado artesanalmente pelo luthier italiano Luca Pardini, o instrumento foi encomendado por Alberto Bocini, atual professor do Weslei na Haute École de Musique de Genebra

Há seis anos, através da seleção que fez para a Escola de Música da Ospa, Weslei Felix Ajarda descobriu o contrabaixo acústico e a sua paixão pela música de concerto. Em pouco tempo, a dedicação e o talento do estudante da periferia de Canoas tornaram-o um aluno de destaque do Conservatório Pablo Komlós e inúmeras oportunidades surgiram. Em 2019, após completar um ano de estudos como bolsista na Haute École de Musique de Genebra, na Suíça, ele conquistou o primeiro contrabaixo desenvolvido especialmente para ele. O instrumento de alto nível foi encomendado por Alberto Bocini, professor de Weslei na instituição e um dos maiores contrabaixistas da atualidade. “Receber um instrumento tão bom, sentir na minha mão e saber que ele faz parte de mim é uma sensação muito especial. Ele ser meu e me acompanhar para o resto da vida só vai me ajudar a crescer e a evoluir ainda mais o meu nível técnico”, comenta Weslei. O contrabaixo foi feito à mão pelo luthier Luca Pardini, renomado artesão italiano que se encantou com a trajetória do jovem músico ao saber de sua história através de Bocini. Pardini se envolveu inteiramente no processo, deu condições especiais para a compra do instrumento e se preocupou com os mínimos detalhes: até mesmo a borrachinha que envolvia o dinheiro do valor de entrada do instrumento está fixada no interior do braço do contrabaixo para servir de testemunho de como tudo aconteceu. O contrabaixista da Ospa Eder Kinappe, primeiro professor de Weslei, também teve uma participação fundamental no processo de aquisição do novo instrumento. Para que fosse possível arcar com o custo inicial, Kinappe uniu forças com doadores como o técnico Roger Machado, ex-jogador do Grêmio, que contribuiu consideravelmente para a realização da causa. Eder tem acompanhado Weslei desde o início de sua trajetória, realizou toda a formação musical dele e construiu uma relação profundamente afetuosa com o estudante. “Existe entre nós um amor fraternal e eu o considero um membro da minha família. Hoje, vê-lo no cenário internacional, estudando com um dos maiores contrabaixistas da atualidade, no topo do mundo, me deixa mais do que feliz, me deixa realizado. É uma realização como profissional e como pessoa, no âmbito pessoal isto pesa ainda mais”, relata ele. Desde que recebeu o seu contrabaixo, entregue em mãos pelo luthier em um encontro no dia 10 de janeiro em Genebra, Weslei afirma estar se surpreendendo a cada dia: “Como é um instrumento novo, o som ainda está se moldando. Toda vez que toco são novas surpresas, novas cores que consigo extrair do contrabaixo”, conta ele. Anteriormente, o estudante ensaiava e se apresetava com um instrumento doado, entregue por um jornalista gaúcho que se sensibilizou com sua história em 2013. Hoje, nas aulas com Bocini, ele tem tido a chance de testar os seus limites e aperfeiçoar-se através de uma didática exigente e diferenciada, utilizando o primeiro instrumento feito especialmente para ele. Segundo o estudante, “Bocini é um professor fenomenal, uma enciclopédia da música. Ele tem ideias muito próprias e trabalha pequenos detalhes que fazem toda a diferença”. Atualmente com vinte anos, Weslei relembra com carinho do início de sua carreira e fala com entusiasmo da experiência que tem tido em Genebra. A rotina é bastante diferente daquela vivida anos atrás, quando saía de casa no bairro Guajuviras, em Canoas, para ir estudar em Porto Alegre. “Sempre brinco que aqui parece um festival de música o ano todo. O ambiente é propício para o meu momento de vida atual, em que o foco é estudar. Tenho colegas e professores de diversas partes do mundo e toda semana são novos desafios”, compartilha ele. Uma das maiores vontades, porém, é voltar ao Brasil para rever o professor Kinappe e tocar novamente com a Ospa: “Não vejo a hora de voltar! O Eder é muito especial pra mim e até hoje eu o considero meu maior mestre. Todo esse processo tem sido uma oportunidade da vida e eu serei eternamente grato”, completa Weslei.  

Mais sobre Weslei Felix Ajarda

A história do jovem contrabaixista mobilizou o Rio Grande do Sul e o Brasil desde que foi conhecida. Natural de Canoas, na grande Porto Alegre, o interesse de Weslei pela música surgiu ainda na infância quando acompanhava as rodas de samba organizadas pela família. Aos 7 anos, ingressou na banda de uma igreja evangélica da comunidade para aprender violão. Em 2014, ao ter conhecimento de que a Escola de Música da Ospa estava com inscrições abertas para novos alunos, procurou o conservatório para ter aulas de contrabaixo elétrico. Ao chegar na seleção, descobriu o contrabaixo acústico e a música clássica. Decidiu aceitar o desafio e iniciou seus estudos aos 14 anos sob a orientação do contrabaixista da Ospa Eder Kinappe. Logo tornou-se um dos mais destacados alunos do conservatório e venceu os últimos dois concursos internos da instituição. Desde então, têm-se apresentado regularmente com a Ospa como músico convidado. Em 2015, ganhou uma bolsa de estudos integral na Haute École de Musique de Genebra, na Suíça, onde tem sido orientado por Alberto Bocini, um dos mais renomados contrabaixistas do cenário internacional da música de concerto.

Sobre a Escola de Música de Ospa

Fundada em 1972, a Escola de Música da Ospa – Conservatório Pablo Komlós cumpre função fundamental para o fomento cultural no Rio Grande do Sul. Promove formação musical gratuita, voltada para músicos de orquestra, oferecendo oportunidade de profissionalização na área. Grande parte dos instrumentistas que hoje integram a Ospa estudaram na instituição, bem como muitos músicos que atuam em outras orquestras ou nas mais diferentes áreas da música, no Brasil e no exterior. Hoje a escola atende em torno de 300 alunos. Além disso, o conservatório conta com grupos orquestrais, regidos pelo maestro e violinista Arthur Barbosa e com um coral, dirigido pelo regente e violista Cosmas Grieneisen. A direção é de Diego Grendene de Souza.  
OSPA - Orquestra Sinfônica de Porto Alegre