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Diretores da Ospa defendem projeto da Casa da Música em artigo

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Casa da Música da Ospa é opção eficiente e sustentável* Diretor artístico e superintendente administrativo-financeiro da orquestra respondem a críticas do engenheiro Ismael Solé à desistência do projeto da Sala Sinfônica

* Texto publicado no jornal Zero Hora, edição do dia 19 de fevereiro de 2018, em resposta à entrevista do engenheiro Ismael Solé para o mesmo periódico. Disponível neste link. Desde 1950, quando foi fundada, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) almeja um local próprio para desenvolver suas atividades. Perto de completar 70 anos de história, a Ospa enxerga esse sonho se concretizar através da construção da sua Casa da Música no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF). A primeira fase do projeto, que inclui uma sala de concertos com 1,1 mil lugares, será entregue à comunidade no próximo mês. Essa conquista é resultado do esforço de diversos agentes e instituições, e do incentivo de todos os gaúchos. É lamentável que algumas pessoas não reconheçam a importância desse fato. Nesse sentido, no último dia 12/2, nos deparamos, neste jornal, com a entrevista do engenheiro Ismael Solé, responsável pelo projeto da Sala Sinfônica da Ospa que seria construída no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Nos sentimos no dever de contextualizar a sua fala, explicando a trajetória que levou a orquestra à iniciativa da Casa da Música. Quando se analisa o investimento em um empreendimento, é fundamental que esteja equacionada a fonte do recurso. O custo de execução da Sala Sinfônica, projeto de Solé primeiramente pensado para área contígua ao Shopping Total e depois transferido para terreno na Av. Loureiro da Silva, chegou a mais de R$ 40 milhões com o passar dos anos. Uma emenda parlamentar de R$ 20 milhões estava prevista, mas é necessário salientar que emenda parlamentar aprovada não significa recurso à disposição. Além disso, dificuldades de gerenciamento junto às construtoras licitadas e questionamentos em relação às fundações realizadas paralisaram a obra. Mesmo com esses problemas sanados, faltariam outros R$ 20 milhões para a finalização. Ademais, o custo de manutenção da Sala Sinfônica seria vultuoso e, convenhamos, vivemos em um Estado com imensas dificuldades. Quais seriam as fontes de receita do espaço às quais o Sr. Solé se referiu na entrevista? Um restaurante em um local de acesso questionável? Nem receita de estacionamento seria viável, já que o projeto apresentava um estacionamento aberto compartilhado com a Câmara de Vereadores. Temos inúmeros exemplos de complexos culturais públicos dos quais o poder público não consegue fazer a manutenção por falta de recursos. A Casa da Música terá um custo baixo de manutenção por estar vinculada ao Centro Administrativo do Estado, que já possui segurança e outros serviços. Haverá estacionamento coberto, cuja receita poderá ser gerenciada pela Ospa, estacionamento externo aberto, cafeteria e restaurante. Além da grande sala de concertos, a Casa da Música contará com uma sala de recitais e eventos, que poderá ser locada para eventos empresariais. Não podemos deixar de considerar a diferença de área construída entre os dois projetos, o que representa custo de manutenção futura. Sobre a afirmação de Solé de que a execução da Casa da Música da Ospa não é possível com R$ 5 milhões, não nos esquivamos de apresentar todas as nossas planilhas de custo à sociedade. A gestão atual da Ospa faz valer cada centavo do dinheiro público nela investido. Para que se tenha uma ideia, a poltrona orçada para a Sala Sinfônica custava, no orçamento enviado ao Ministério da Cultura há cinco anos, R$ 3,2 mil. Hoje, esse valor chegaria a mais de R$ 4 mil. Num teatro de 1,5 mil lugares como o que estava sendo projetado, isso representaria um custo de R$ 6 milhões. Na Casa de Música da Ospa, as poltronas foram desenvolvidas especialmente para o espaço, têm o mesmo nível das poltronas da Sala São Paulo e um custo total unitário de R$ 1,18 mil. Como serão 1,1 mil lugares, o custo das poltronas será de R$ 1,29 milhão. Chamamos a atenção para o fato de que somente o valor das poltronas do projeto anterior já ultrapassa o custo integral da obra da Casa da Música. A situação do Estado e do país não nos permite utilizar o dinheiro público como se tivéssemos fartura. A sociedade brasileira quer a aplicação dos recursos de forma justa e compatível com a realidade. Por que utilizar R$ 40 milhões (que não temos) quando podemos resolver o problema da Ospa com R$ 5 milhões? Se não teremos uma acústica de excelência, teremos, com certeza, uma acústica de ótima qualidade. Os músicos da Ospa estão cansados de circular por vários lugares há 68 anos, sem boas condições de trabalho. É o momento de resolver. Nosso público também clama por uma solução, e estamos entregando uma sala de apresentações de alto nível para os gaúchos. Esperamos todos na inauguração da Sala de Concertos (Fase I da Casa da Música), para que usufruam de seu novo ponto cultural – um espaço eficiente e sustentável para a nossa música.
OSPA - Orquestra Sinfônica de Porto Alegre